2 Construindo a proposta de atividade de extensão
2.3 Metodologia (Como fazer? Quando fazer? Com quem fazer? Para quem fazer? Quanto vai custar fazer?)
A metodologia é a organização da estratégia. Dentro dos procedimentos metodológicos temos que incluir toda a informação mínima suficiente para mostrar como alcançaremos o objetivo da proposta.
Ao detalhar o passo-a-passo de cada etapa, a metodologia consegue dar a receita para que cada objetivo específico seja alcançado, traçando uma linha direta com o objetivo geral.
Ao definir o momento em que cada etapa acontecerá e o intervalo de duração de cada uma delas, estamos respondendo à pergunta “Quando fazer?”.
Voltando aos nossos exemplos, a etapa de imunização em massa (vacinação contra a Covid-19) acontecerá quando a etapa de ensaios clínicos em fase 3 (estudos populacionais de resposta à imunização) for concluída com sucesso.
Ao dividirmos a equipe de integrantes com tarefas específicas a serem executadas, estamos dando atribuições a todos e justificando a necessidade de cada um(a) dentro da equipe. É a oportunidade que temos de dividir as funções de forma a dar protagonismo a todos.
Cada tarefa importa! Cada pessoa na equipe importa! Quando vocês aprenderem a olhar a equipe como um time, vocês serão capazes de enxergar que sem a contribuição de cada pessoa que ali esteja, a ação não acontece dentro do planejado.
Querem ver como isso acontece com um exemplo?
Mesmo que um(a) colega possa saber fazer a mesma atividade que outro(a), ele(a) teria uma carga de atividades dobrada, e isso poderia comprometer os prazos de entrega planejados.
Também será importante explicitar na proposta quem será o público para o qual ela será desenvolvida, ou seja, a comunidade externa que participará da atividade de extensão.
Novamente, retomando aos nossos exemplos:
1) pensar uma ação de comunicação no combate à pandemia do novo coronavírus, por meio de ações de cuidados preventivos a populações com comorbidades, pode ter como público-alvo populações com elevado número de comorbidades;
2) pensar uma ação de consciência do papel da mulher na educação cidadã de seus(uas) filhos(as) para a igualdade de gênero pode ter como público-alvo mulheres-mães de qualquer geração;
3) pensar uma ação de reconhecimento do papel de responsabilidade sobre o planeta que herdamos e o mundo que queremos deixar para as futuras gerações, pode ter como público-alvo qualquer cidadão(ã), mas se focarmos em ações concretas que podemos fazer na escola, podemos atingir ao público de estudantes.
Ao respondermos às duas perguntas anteriores, quem participa da equipe executora e quem participa da comunidade, estaremos deixando claro na metodologia “Com quem fazer?” e “Para quem fazer?”.
E chegamos à parte em que teremos que detalhar os recursos que serão necessários para que a nossa proposta consiga ser colocada em prática. Recurso é um conceito amplo.
Já definimos o recurso temporal no momento em que dissemos quando cada etapa da nossa proposta irá acontecer e qual o intervalo de tempo entre uma e outra.
Outro recurso que já abordamos foi o recurso humano, e já entendemos que cada pessoa e que todas as pessoas envolvidas na equipe executora têm que ter uma função definida e justificada para estarem no time. E que a proposta tem que contemplar de forma clara o público-alvo, ou seja, quem na comunidade externa estaremos atendendo com aquela ação.
Os recursos técnico e tecnológico possuem uma correlação imediata com o recurso humano. Frutos diretos da relação do Homem com o seu ambiente de sobrevivência, as tecnologias são ferramentas aplicadas para facilitar o desenvolvimento das atividades humanas; já as técnicas são a forma como se descreve o uso dessas tecnologias.
Em toda a sua existência, as civilizações sempre inovaram, sempre evoluíram, sempre alteraram o ambiente e as suas relações com este de forma a permitirem a sua sobrevivência. A ciência avança com base na evolução de técnicas e de tecnologias. É por isso, que a metodologia precisa também se apoiar em elementos já conhecidos da ciência, ou seja, em elementos técnicos e tecnológicos que podem corroborar na ação planejada.
A adoção de uma metodologia inédita carece de comprovação científica, antes de ser aplicada na prática. Nada impede de que se faça isso, mas se trata de outra esfera da nossa instituição, a esfera que abrange a pesquisa.
Na área da extensão, só podemos propor uma atividade que possa ser sustentada por argumentos metodológicos já validados, ou seja, que comprovadamente fazem sentido dentro do recorte temporal em que estamos, caso contrário, não temos uma atividade de extensão, temos uma hipótese ainda a ser testada, e quem se encarregará desta etapa é a pesquisa.
O último recurso que iremos abordar então, é o recurso econômico. Toda proposta precisa trazer as necessidades financeiras requisitadas para a sua execução. Uma proposta pode não precisar nem de insumos, nem de material permanente, para que seja colocada em execução. Mas, lembrem-se, há outros recursos que com certeza farão falta: de forma resumida, o tempo das pessoas envolvidas.
Então, sejam muito pés-no-chão na hora de proporem a atividade de extensão de vocês: todo recurso tem que apresentar justificativa de emprego na metodologia.
Para o caso de propostas que precisem de bens, vocês terão que avaliar o tipo de bem que se faz necessário. Bens consumíveis são aqueles que se esgotam em um relativo espaço de tempo, geralmente, compatíveis com o tempo de execução da atividade. Bens permanentes são aqueles que permanecerão existindo por um longo período de tempo, geralmente superior ao tempo de execução da atividade.
Independentemente da natureza do bem necessário para ser adquirido, há que existir justificativa clara para a sua aquisição, respaldada na sua relevância para a execução da proposta, e compatibilidade econômica entre o custo para a sua aquisição e o orçamento disponível para a execução da atividade.
Resumidamente, atender a estes elementos é responder à questão “Quanto custa?”.